Há 50 anos e alguns dias atrás, em 26 de junho de 1974, o primeiro código universal de produto (UPC) foi escaneado em um supermercado Marsh em Troy, Ohio, iniciando uma revolução na automação do comercio e da cadeia de suprimentos. Nesse dia nasceu o código de barras, algo que, quase sem querer, usamos diariamente sem lhe dar importância, mas que é importante.
Antes do código de Barras
A ideia do código de barras começou literalmente na areia em 1949 e tem uma história fascinante. Conforme compartilhado pela Smithsonian Magazine, diversos fatores contribuíram para o desenvolvimento dos códigos de barras: a necessidade de revolucionar o processo de vendas das mercearias, a tecnologia se tornando mais acessível e a colaboração entre grupos comerciais em busca de mudanças.
Bob Carpenter, presidente e CEO da GS1, discutiu recentemente os elementos que impulsionaram a mudança na indústria em uma mensagem em vídeo comemorando o “Scanniversary“. Antes do código de barras, cada item precisava de uma etiqueta de preço e os caixas tinham que digitar manualmente esses preços, o que era muito demorado. A indústria de mercearia uniu-se no início dos anos 70 para desenvolver um padrão que conhecemos hoje como o código de barras UPC.
Desenvolvimento das ‘Linhas Engraçadas’
Executivos da indústria de mercearia se uniram para considerar soluções, uma delas envolvia linhas verticais escaneáveis que representavam informações como fabricante, produto e preço. O lançamento dos UPCs em 1973, guiado pelo Uniform Product Code Council (agora GS1), transformou o comércio global. Os leitores de código de barras foram instalados em lojas selecionadas, culminando com a caixa Sharon Buchanan escaneando um pacote de chicletes Wrigley’s por $0,67.
Adoção e expansão do código de barras
Nas últimas cinco décadas, houve a adoção global e expansão dos códigos de barras. A Associação Europeia de Numeração de Artigos (EAN) foi estabelecida em 1977 e trabalhou em paralelo com os esforços dos EUA. Hoje, os códigos de barras são escaneados 10 bilhões de vezes por dia, revolucionando diversas indústrias além do varejo de mercearia.
O EAN serve para vários propósitos essenciais:
- Identificação Única: Cada produto recebe um código exclusivo, evitando duplicidades e confusões no mercado global.
- Automatização de Processos: A leitura de códigos de barras EAN por scanners automatiza o processo de checkout, acelerando as transações e reduzindo erros humanos.
- Gestão de Estoques: Permite um controle preciso dos estoques, ajudando as empresas a monitorar a disponibilidade de produtos, prever necessidades de reposição e reduzir excessos.
- Rastreamento de Produtos: Facilita o rastreamento de produtos ao longo da cadeia de suprimentos, melhorando a gestão logística e a rastreabilidade.
- Interoperabilidade Internacional: Padroniza a identificação de produtos, permitindo que empresas de diferentes países e sistemas comerciais operem de maneira integrada e eficiente.
Em Portugal, os códigos EAN (European Article Number), atualmente conhecidos como GTIN (Global Trade Item Number), são gerados pela GS1 Portugal, uma organização sem fins lucrativos que faz parte da rede global GS1, responsável pela padronização de códigos de barras e outros identificadores no mundo todo.
Como Funciona a Numeração do EAN?
A numeração do EAN (European Article Number), atualmente conhecida como GTIN (Global Trade Item Number), segue uma estrutura padronizada que assegura a identificação única e universal de produtos. A seguir, explico como funciona essa numeração:
Estrutura do Código EAN
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Prefixo
do
País:
- O código EAN começa com um prefixo que identifica a organização responsável pela emissão do código. Este prefixo varia conforme o país. Em Portugal, por exemplo, o prefixo é “560”.
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Código
da
Empresa:
- Após o prefixo do país, há uma sequência de números que representa a empresa que produziu ou distribuiu o produto. Este código é atribuído pela GS1 Portugal a cada empresa registrada, garantindo que cada empresa tenha um número único.
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Código
do
Produto:
- Seguindo o código da empresa, vem o código do produto. Este número é definido pela própria empresa e é usado para identificar especificamente cada produto dentro do seu catálogo. A quantidade de dígitos disponíveis para o código do produto depende do comprimento do prefixo do país e do código da empresa.
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Dígito
de
Verificação:
- O último dígito do código EAN é o dígito de verificação. Este dígito é calculado a partir dos dígitos anteriores usando um algoritmo específico (normalmente um cálculo de módulo 10) para garantir que o código tenha sido gerado corretamente e possa ser lido sem erros pelos scanners.
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Prefixo
do
País:
Exemplo de um Código EAN-13
Um código EAN-13 (o formato mais comum) típico pode ser representado da seguinte maneira:
560 - 12345 - 67890 - 3
- 560: Prefixo do país (Portugal)
- 12345: Código da empresa atribuído pela GS1 Portugal
- 67890: Código do produto atribuído pela própria empresa
- 3: Dígito de verificação calculado
Como comprar um código de barras para a minha empresa em Portugal?
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Registro na GS1 Portugal:
- A primeira etapa é registrar sua empresa na GS1 Portugal. Você pode fazer isso visitando o site oficial da GS1 Portugal (https://www.gs1pt.org) e preenchendo o formulário de inscrição.
- Durante o registro, você precisará fornecer informações sobre sua empresa, como nome, endereço, número de identificação fiscal, entre outros.
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Escolha do Pacote de Códigos:
- A GS1 Portugal oferece diferentes pacotes de códigos de barras dependendo das necessidades da sua empresa. Esses pacotes podem variar em quantidade de códigos e outros serviços adicionais.
- Se sua empresa possui um pequeno número de produtos, você pode optar por um pacote menor. Para empresas com uma grande variedade de produtos, há pacotes que oferecem um número maior de códigos.
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Pagamento da Taxa:
- Após escolher o pacote adequado para sua empresa, você deverá pagar uma taxa de adesão e, em alguns casos, uma taxa anual. Os valores variam dependendo do pacote escolhido e do tamanho da empresa.
- O pagamento pode ser feito através de transferência bancária, cartão de crédito ou outros métodos aceitos pela GS1 Portugal.
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Recebimento do Código da Empresa:
- Depois de concluído o registro e o pagamento, a GS1 Portugal atribuirá um prefixo único à sua empresa. Este prefixo será usado para gerar os códigos de barras dos seus produtos.
- Você também receberá um conjunto de instruções sobre como criar os códigos de barras usando o prefixo atribuído.
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Criação dos Códigos de Produtos:
- Com o prefixo da sua empresa, você pode começar a gerar os códigos de barras para cada um dos seus produtos. Isso envolve a combinação do prefixo com números únicos para cada produto e a inclusão de um dígito de verificação.
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Impressão dos Códigos de Barras:
- Após a criação dos códigos, você pode convertê-los em códigos de barras usando softwares especializados. Esses códigos de barras devem ser impressos nas embalagens dos seus produtos.
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Suporte e Manutenção:
- A GS1 Portugal oferece suporte contínuo para seus membros, ajudando com quaisquer dúvidas ou problemas relacionados aos códigos de barras. Além disso, você precisará renovar sua adesão anualmente, pagando a taxa correspondente para manter o direito de usar os códigos de barras.
Próxima geração de códigos de barras
A evolução dos códigos de barras tem sido contínua, visando atender às crescentes demandas de eficiência e precisão no comércio e na logística. A próxima geração de códigos de barras promete transformar ainda mais a maneira como produtos e informações são gerenciados. Aqui estão alguns avanços e tendências importantes:
1. Códigos QR (Quick Response):
Os códigos QR são uma evolução significativa dos códigos de barras tradicionais. Eles podem armazenar muito mais informações e podem ser lidos rapidamente por dispositivos móveis, facilitando a interação entre produtos e consumidores.
Vantagens:
- Capacidade de Dados: Podem armazenar URLs, textos, números de telefone, e-mails, e muito mais.
- Interatividade: Permitem que os consumidores acessem rapidamente informações detalhadas sobre o produto, como origem, ingredientes e instruções de uso, simplesmente escaneando o código com seus smartphones.
- Facilidade de Uso: Ampla compatibilidade com aplicativos de leitura em smartphones e tablets.
2. Data Matrix:
Este é outro tipo de código de barras bidimensional que pode armazenar grandes quantidades de dados em um espaço pequeno. É amplamente utilizado em indústrias que exigem rastreabilidade rigorosa, como a farmacêutica.
Vantagens:
- Tamanho Compacto: Pode ser impresso em espaços muito pequenos, adequados para produtos pequenos.
- Alta Capacidade de Dados: Suporta a codificação de uma grande quantidade de informação.
- Confiabilidade: Alta tolerância a danos e sujeira, garantindo leituras precisas mesmo em condições adversas.
3. RFID (Radio Frequency Identification):
Embora não seja um código de barras, a tecnologia RFID representa um salto significativo na identificação de produtos. Usando ondas de rádio para transmitir dados de etiquetas RFID para leitores, ela permite o rastreamento em tempo real.
Vantagens:
- Leitura Sem Contato: Não requer linha de visão direta entre o leitor e a etiqueta.
- Eficiência de Leitura: Pode ler múltiplas etiquetas simultaneamente, acelerando processos logísticos.
- Armazenamento de Dados: Capacidade de armazenar e atualizar informações sobre o produto continuamente.
4. GS1 DataBar:
O GS1 DataBar é uma simbologia mais compacta que pode conter mais informações do que os códigos de barras lineares tradicionais. É especialmente útil para produtos pequenos e perecíveis.
Vantagens:
- Compactação: Pode ser usado em espaços menores que os códigos de barras tradicionais.
- Informações Adicionais: Pode incluir dados como número de lote, data de validade, entre outros.
- Conformidade Global: Padrão reconhecido internacionalmente pela GS1.
5. Blockchain Integrado:
A integração da tecnologia blockchain com códigos de barras e RFID está emergindo como uma maneira de melhorar a rastreabilidade e a transparência na cadeia de suprimentos.
Vantagens:
- Segurança: Registro imutável das transações, evitando fraudes.
- Transparência: Permite que consumidores e parceiros de negócios verifiquem a autenticidade e a origem dos produtos.
- Rastreamento Completo: Histórico completo e auditável do produto desde a origem até o consumidor final.
A próxima geração de códigos de barras e tecnologias de identificação promete oferecer soluções mais robustas e flexíveis para a gestão de produtos, rastreabilidade e interação com os consumidores. Desde os códigos QR e Data Matrix até RFID e integrações com blockchain, essas inovações visam aprimorar a eficiência operacional e a experiência do consumidor, proporcionando maior transparência e confiabilidade no mercado global. Empresas que adotarem essas tecnologias estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da economia digital.