O Google Shopping já não permite pesquisas por EAN

Na madrugada de 30 de outubro para 1 de novembro, a Google introduziu uma alteração inesperada na forma como pesquisa no Google Shopping: deixou de poder pesquisar por EAN. O Google Shopping é uma das ferramentas mais populares para selecionar produtos quando se faz compras online e ainda mais em períodos de especial relevância como a Black Friday ou o Natal.

Esta mudança, que já tinha sido aplicada anteriormente nos mercados norte-americano e canadense, pegou de surpresa a maioria dos comerciantes e fornecedores de serviços do setor na Europa.

O que é o código EAN e porque é que era tão importante no Google Shopping?

O EAN (European Article Number), ou Número Europeu de Artigo, é um sistema de identificação de produtos amplamente utilizado em escala global. Esse sistema é composto por uma série de números que carregam informações cruciais sobre cada produto. Essas informações incluem o fabricante e características específicas do artigo. Uma das suas maiores contribuições é a capacidade de facilitar a identificação única de produtos, um componente fundamental do código de barras conhecido pelo grande público.

No universo do comércio eletrônico, o código EAN assume um papel vital. Ele serve como uma ferramenta de identificação rápida e eficiente, essencial para gerenciar e rastrear produtos em um vasto mercado online. Isso é particularmente relevante em plataformas como o Google Shopping, onde os consumidores buscam por produtos específicos com base em suas necessidades e preferências.

Bastava introduzir um EAN no motor de busca do Shopping e o Google apresentava o produto com todas as informações e as diferentes lojas com os respectivos preços com e sem portes de envio.

As ferramentas de fixação de preços costumavam utilizar a pesquisa EAN no Shopping para identificar os concorrentes de forma rápida e fácil. Muitos gigantes do comércio eletrónico com grandes departamentos de TI replicaram esta forma de comparar os preços dos seus produtos com os dos seus concorrentes. A Google decidiu que isso já não pode ser feito.

Como é que isto afecta o ecossistema?

Nas primeiras semanas, a mudança quase não se notou, mas nos últimos dias as empresas do sector, os ecommerces e os especialistas em marketing digital sentiram falta de dados sobre novos produtos. O que se passava?

A surpresa surgiu quando o Google Shopping não devolveu os dados correctos ao efetuar uma pesquisa manual por EAN. E os comunicados, os nervos e os grupos de whatsapp dos dircoms dos media digitais começaram a fazer fogo. Não foi só em Portugal que isso aconteceu. A mudança deu-se em toda a Europa.

Consultado pelo Portugalecommerce, Fernando Gómez, CEO da Boardfy, reconheceu a mudança e o problema: “No nosso caso, há pouco mais de 2 meses, detectámos mudanças estranhas nos EUA e no Canadá. Quando existem alterações permanentes para além do típico teste A/B, isso significa que, mais cedo ou mais tarde, chegarão à Europa.

À pergunta se o momento parece lógico para fazer uma mudança tão radical, ele continua: “Não pensámos que a Google fizesse a mudança. Não pensámos que a Google fizesse a alteração na Europa pouco antes da Black Friday e do Natal, mas fê-lo. No nosso caso, tínhamos criado um protótipo para os EUA e o Canadá e, em apenas dois dias, pusemo-lo a funcionar em toda a Europa. Quase um mês depois, esse protótipo foi objeto de melhorias e modificações incríveis e funciona. Encontrámos uma forma de obter os mesmos dados de outra maneira.”

Porque é que a Google efectuou esta alteração?

É a grande icógnita, mas parece ser mais um passo para querer competir com a Amazon como Marketplace.

O que é claro é que foi inesperado e não anunciado. É verdade que a Google disse que iria fazer alterações na forma como os resultados das compras eram apresentados, mas nunca que a pesquisa EAN deixaria de funcionar.

Para Fernando Gómez, “o pior é que a Google sempre promoveu os ecossistemas. Sempre incentivou a construção de startups, metodologias e negócios à sua volta e, com esta decisão, pouco antes do Natal, vai prejudicar muitos. Para mim, esta é a grande mudança. A Google decidiu agora deixar claro quem manda e que o ecossistema está em segundo plano“, mas aliviado, conclui, “felizmente continuamos a oferecer a mesma qualidade de correspondência e uma cobertura ainda melhor aos nossos clientes portugueses e de todo o mundo.”

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João Gomes

Jornalista. Desde muito jovem, apaixonado pelo mundo do marketing e dos negócios na Internet. Fã de ecommerce e wordpress. Editor do Portugalecommerce.com.

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